23  Hormônios Vegetais

23.1 Introdução

     Hormônios vegetais constituem promotores de crescimento de ocorrência natural, capazes de promover, inibir ou modificar processos morfológicos e fisiológicos específicos. Dentre os hormônios vegetais destacam-se auxinas (ácido indolacético), giberilinas, citocininas, etileno, e ácido abscísico, além de algumas vitaminas. A seguir são descritos suas características principais.

23.2 Detalhes

23.2.1 Auxinas

      As auxinas, primeiro grupo de hormônios vegetais descobertos, são capazes de produzir diversos efeitos nas plantas. Em quantidades pequenas agem como estimuladores do crescimento, invertendo esse papel quando a teores elevados. São produzidas da copa vegetal para a base, tendendo a se concentrar nas raízes. São responsáveis pelo geotropismo (curvatura pela gravidade) e fototropismo (curvatura pela luz). Ao descerem ao longo do caule inibem o desenvolvimento das gemas laterais, ao que é denominado dominância apical, impedindo a formação de novos ramos. Ao amadurecerem, os frutos e folhas perdem a capacidade de produção de auxinas, o que estimula sua precipitação.

      Em doses pequenas as auxinas podem estimular o enraizamento em estacas para reprodução assexuada, a micropropação celular em cultivo, e a produção de frutos partenogenéticos (desprovidos de sementes), pela aplicação do hormônio nas paredes do ovário, impedindo a fecundação do óvulo. O mecanismo de ação das auxinas envolve a ativação de genes específicos para a produção de enzimas que promovem o amolecimento da parede celular, permitindo uma distensão das células.

      O ácido indolacético (AIA), auxina produzida na extremidade do coleóptilo, embriões na semente, ovários em desenvolvimento, gemas apicais da planta adulta, e possivelmente, no meristema apical da raíz, age a uma taxa de 1 a 1,5 cm/h, polarizando o crescimento de alguns tecidos (caule) em contraposição à inibição de outros (raíz).

      Algumas auxinas sintéticas descobertas podem também atuar no desenvolvimento vegetal, contudo sem a dinâmica de hormônios vegetais. Exemplos desses compostos são os ácidos naftaleno acético, indolbutírico e indolpropiônico, e o diclorofenoxiacético. Esse último, empregado na agricultura e pecuária, inibe o desenvolvimento de algumas pragas, favorecendo simultaneamente o crescimente de espécies úteis ao homem. Durante a Guerra do Vietnã ao final da décade de 60, o diclorofenoxiacetato foi largamente empregado como desfolhante de uso bélico. Entretanto, como o material se encontrava contaminado com o mutagêncio dioxina, acabou provocando distúrbios em grupos tanto de vietnamitas, como de aliados.

Figura 23.1: Exemplos de alguns promotores de crescimento vegetal. Em preto, oxigênio (giberelina) e nitrogênio (demais).

23.2.2 Giberilinas

      As giberilinas possuem atividade complementar às auxinas, acentuando o elongamento de caules e ramos, principalmente de plantas anãs, interrompendo a dormência e acelerando a germinação, induzindo a formação de frutos partenocárpicos, e permitindo o florescimento de plantas em curto período de tempo. A giberilina possui o princípio ativo isolado ácido giberélico (GA), também produzido por alguns tipos de fungos, do quais o Giberella fujikuroi cede o nome ao composto.

23.2.3 Citocininas

      Hormônios que controlam o ciclo celular e que, juntamente com as auxinas, também permitem a diferenciação celular. O principal local de produção na planta adulta é o meristema apical da raíz, sendo o seu transporte efetuado pelo xilema. As citocininas também atuam na quebra de dormência de sementes, na floração e crescimento de frutos, e na inibição do envelhecimento de tecidos.

23.2.4 Etileno

      Como hormônio gasoso produzido em virtualmente todos os tecidos adultos vegetais, o etileno tem papel fundamental no amadurecimento de frutos e controle da senescência foliar. A produção do etileno se verifica também em tecidos injuriados, o que acelera sua decomposição. Foi descoberto a partir da observação de que a fumaça de combustão da madeira provoca amadurecimento em certos frutos (abacaxi, manga). Nesse sentido, alguns frutos, como a banana, podem ter seu amadurecimento favorecido na presença de um exemplar maduro.

      Contrariamente, o retardo no amadurecimento de frutos pode ser obtido na presença de gás carbônico, ou restringindo o teor de oxigênio presente, gás esse que atua no estímulo da produção de etileno e acetileno.

23.2.5 Outros compostos

      Nos vegetais, vitaminas como tiamina, piridoxina e ácido nicotínico apresentam semelhante papel ao de hormônios, contribuindo para a formação de raízes. Além dessas, o ácido abscísico (ABA) também figura como hormônio, possuindo atividade antagônica aos demais, e inibindo sua síntese.

Figura 23.2: Exemplos de efeitos fisiológicos induzidos por hormônios vegetais em cultura de tecidos e in natura.